terça-feira, 19 de maio de 2009

A prima Riqueza


Hoje acordei com uma vontade incontrolável de vos contar um pouco da minha prima Riqueza, da sua vida. A minha querida prima é, o que nos dias de hoje se diz, uma abastada, uma ricaça. Rica dos sentimentos mais castos, de amores sem fim, de ternuras, de abraços, de beijos e beijocas, de amanheceres, de isto e aquilo. Rica em qualquer dos mundos, neste e nos que estão por descobrir. Mais rica que os ricos mais ricos, rica de rica. O seu reino é feito de longas cascatas refrescantes, de verdes campos, de fadas e duendes, de esbeltos girassóis, de nenúfares e azevinhos, de árvores milenares, de chuva tropical, dos cantares dos pássaros, de flores de mil cores, de reais odores, de colmeias do mel mais doce. Um reino que brilha como um grande diamante azul, um brilho que cega, que devassa penhascos, que atravessa montanhas, infindável. Vive na sua cabana, uma cabana da madeira mais nobre, de algodão e pétalas perfumadas, envolta num céu estrelado. Uma cabana que repousa sob o imenso lago taos, um lago de águas transparente e cristalinas. Vive desde sempre, desde que se lembra, com o amor da sua vida, com o homem que sabia ser seu. Não faria sentido ser com mais ninguém. Os dias passa-os a escrever na água, a amar e a ser amada como uma louca, a partilhar a sua riqueza, a chapinhar com os peixes do lago e a sorrir. Sorri com a luminosidade de um anjo, com o bater das asas que lhe rasgam o corpo, com a imaculada certeza de ser a eleita entre os eleitos. Nasceu para ser assim, para abraçar toda a felicidade deste vasto reino. Chamam-lhe a senhora das águas. Vive a vida que sonhava viver. Vive feliz, com um sorriso no rosto, sem marcas do tempo. Porque não sabe viver de outra forma, porque não podia viver de outra forma.

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