segunda-feira, 25 de maio de 2009

Odores


Dizem os entendidos que a paixão, a conquista e o amor têm muito a ver com o cheiro, com o cheiro de cada um. Que tem tudo a ver com olfacto. Que a atracção começa assim, a entrar-nos pelo nariz adentro, a descer até ao coração, a subir até ao cérebro. Imagino que não existam dois cheiros iguais, tal como não há duas pessoas iguais. Pode ser que sim, pode ser que seja como dizem. Que seja uma questão de narizes, de narinas mais ou menos abertas, mais ou menos selectivas, mais ou menos exigentes e criteriosas. Pode ser que existam peles que nos embriagam, que nos façam levitar, que nos façam perder a cabeça. Nunca me apercebi de tal. Para mim o cheiro do ser humano é, por norma, discreto, dificilmente perceptível. Salvo no caso de morte, doença ou de falta de higiene. Mas isso são outros quinhentos. Seja como for, é curioso isso dos odores. A ser verdade, quer dizer que somos mesmo animais, mais do que queremos crer. Qualquer dia ainda dá-mos por ela e estamos a farejar-nos uns aos outros. Mas depois existem os mais diversos perfumes que ainda baralham mais as coisas. Sem falar nos óleos afrodisíacos de morango, nos shampoos de lima, nos amaciadores de sei lá o quê, nos cremes de corpo, nas espumas de barbear, nos detergentes da roupa, nos ambientadores, nas flores, nas velas, entre outros cheiros sem fim. E assim se poderá dizer - quero-te porque te cheirei.

Sem comentários:

Enviar um comentário