quinta-feira, 22 de outubro de 2009

O meu jardim de Alhambra


Desde moço que ouço dizer que a vida é como uma rosa - cheia de pétalas, mas também repleta de espinhos. Pois sim, claro que é - pensava eu. Mas a verdade, verdadinha, é que até há pouco tempo a minha vida foi basicamente uma montanha de pétalas, um conto de fadas. Uma espécie de jardim de Alhambra, reluzente, bem tratado, perfeito, de fazer inveja. De repente, tenho espinhos a jorrarem das minhas entranhas. Espinhos crus, rudes, com um forte odor a podre. Espinhos com formas mais díspares. Não param de sair de dentro de mim. Invadiram-me. Tomaram conta de mim. E dói, dói que seja assim. Os anciões tinham mesmo razão. A vida é, tal e qual, uma rosa. Lamentavelmente. Confesso que dispensava este trago de bolor que me vai na boca. Resta, ainda assim, acreditar que aquilo que não nos mata, torna-nos mais fortes. Pelo menos, assim espero. Bom, seja assim ou mais azul, não há mal que sempre dure. Não há ! Não pode haver ! Por isso um dia irei pernoitar de novo no meu belo jardim. Poderá não ser idílico, mas será sempre o meu jardim de Alhambra.

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