Acredito que existe um tempo para tudo na vida. Um tempo para crescer, sorrir, saltar e ser feliz. Um tempo para carpir, deixar cair as lágrimas, pensar e seguir em frente. Em frente. Em busca de uma nova felicidade (não há felicidades iguais). Não que o passado deva ser olvidado, nada disso. Mas passado é isso mesmo. Está lá atrás, já era, foi. O presente e o futuro, isso é o que nos aguarda. As regras são mesmo assim. E a vida é tão, mas tão curta para nos perdermos. Podemos nos perder. Temos esse direito, mas não pode ser por muito tempo. A vida não é longa o suficiente para nos perdermos eternamente. Durássemos uma eternidade e uma eternidade teríamos para parar num canto qualquer, de costas viradas para o mundo. Mas não é assim. Não é de todo assim. Muito se passou entretanto em quatro anos da minha vida. Quatros anos é uma fila imensa de dias. Os meus filhos cresceram - demasiado para o meu gosto - e eu cresci também. Cresci em todas as direcções e em todos os sentidos. Os factos da vida fizeram-me crescer, crescer de forma diferente, muitas vezes até de maneira disforme. Não sei se cresci melhor - quero acreditar que sim - ou pior. Viajei o quanto baste (face às circunstâncias), se bem que viagens nunca são demais. Andei entre Porto e Lisboa, entre o passado e o futuro. Li os livros que tive de ler. Chorei o que tive de chorar. Houve alturas em que tentei agarrar o passado e o futuro com os longos braços que possuo. Só que estes não são longos o suficiente. Nenhuns braços são assim tão compridos. A realidade dos factos fez-me perceber como as coisas são e não como nós gostaríamos que fossem. O caminho é só um. Não há dois. Ao ser dois seria a mesma coisa que nenhum. É claro como água que o caminho faz-se caminhando, que os dias tratam de encontrar a cura. Até que cheguei aqui. Finalmente mais tranquilo, mais em paz com o mundo e comigo mesmo - é deveras crucial encontrar a paz interior. Que seja um novo recomeço agora. Todos temos direito a um novo recomeço.